domingo, 3 de outubro de 2010

Alice...


Alice nasceu no ano do dia internacional do beijo, que foi marcado pela guerra de um país azul e branco, que ela tanto sonha em visitar. No fim do mês das noivas. Em um dia par. Regida pela dualidade de um signo que tem estampado em sua pele. Veio ao mundo com dificuldade. Precisou de ajuda. Uma vez para nunca mais. Quando pequena gostava de prender os cabelos, todos os dias com um penteado diferente. O azul era sua cor e seus dias ficavam mais vivos com sua presença. Olhos grandes e arredondados. Tímidos confesso, mas encantadores. Sua pele branca combina com suas madeixas grossas aloiradas. Sua fascinação por aventuras lhe rendeu algumas cicatrizes, que a fazem lembrar de uma época em que não se pensava em acordar cedo e bater cartão. Foi criada sozinha. Não solitária, mas por ela mesma. Aprendeu a fazer amigos e a dançar como Ana Botafogo. Algumas vezes arriscou colocar as mãos por entre a lama para expressar seus sentimentos. Mais tarde entendeu que não há melhor maneira de fazê-lo senão com uma caneta e um papel. Cresceu. Em alguns anos desabrochou uma mulher-menina. Os cabelos mais claros e a pose de bailarina sempre ereta lhe davam mais segurança. Ah, Como poderia deixar de falar de seu sorriso. Sorria não somente com os lábios, mas com a alma e os olhos. Escancarava deixando mostrar seus dentes brancos e pequenos. Um dia ouviu de alguém que já não importa, que se seus olhos não brilhassem ao sorrir, este não era verdadeiro. Desde então seus olhos parecem dois faróis quando estica os lábios. E não é somente seu sorriso que é perceptível. Sua risada pode se fazer ouvir a metros de distância. Gosta do que ela é agora. Da pessoa que se transformou. Ela sabe o quanto foi difícil, mas mesmo assim o fez. Poucas pessoas passaram por transformações tão grandes em tão pouco tempo. Chorou algumas vezes quando viu seu anjo partir. Mas isso foi há muito tempo. Tempo esse em que a música fazia sentido. Deixou câncer a dominar e então consegue ver tudo por três lados. Não lamenta. Agradece. Todos os dias. Mas em alguns dias frios ela chora. Nos de sol acontece às vezes. Mas chora onde as lágrimas possam se misturar à água e rolar cano abaixo.
As unhas sempre vermelhas como se pudessem agarrar o mundo e não deixar o tempo escorrer por entre seus dedos. E ele passa tão rápido que nem o coelho consegue o alcançar mais. E tudo isso é muito estranho para ela que agora até usa relógio, para ver se ele a obedece. Mas ele não dá ouvidos aos seus pedidos e chamados urgentes. Então Alice procura aproveitá-lo da melhor maneira sempre quando pode. Vive. Como se cada dia fosse o último. Não sabe se será, então faz o seu melhor. Para deixar no mundo um pouquinho de sua doçura. Parte de seus pensamentos. Muitos de seus sorrisos e suas gargalhadas. Pois a única coisa que importa para ela é ser feliz!

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