quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Depois da tempestade a bonança.


Em uma caixinha cor-de-rosa shock guardou todas suas ânsias. Identificadas com etiquetas daquelas que se usa em cadernos de escola.
Sonhou em ser a 1ª bailarina do Teatro Municipal, mas ouviu que tinha um quadril muito largo para isso. Quis ser aeromoça, voar para os quatro cantos do mundo, mas um dos requisitos era ser alta, e ela media só 1,60. Tentou fazer parte da Semana de Moda em Paris, por trás dos bastidores, mas aos 17 escolheu a faculdade errada. Também pudera quem faz a escolha certa antes de completar 18 anos. Sonhou com dois pequenos, ela tinha a pele alva e delicada como o algodão e os olhos mais azuis que o mar da Grécia. Ele, cabelos cor de ébano e olhos verde-esmeralda mais preciosos que qualquer diamante. Deixou para depois, pois não havia encontrado a pessoa certa.
Então ela abriu a caixinha que havia guardado todos estes anos embaixo de sua cama. Saiu na chuva, arriscou-se. Pegou uma gripe, mas não desistiu. Quando viu a primeira gota tocar o chão colocou a cara na rua e deixou a tempestade a encharcar. Caiu doente novamente, mas dessa vez se recuperou mais rápido. Na terceira já estava forte e não se abateu. Os respingos até desviavam, pois a molhariam em vão. O verão chegou e já havia se acostumado com os trovões no final da tarde. Ela até gostava de sentir o cheiro da chuva molhando o chão quente. Cheiro de chuva. Um forte noroeste bateu, levando com ele todas suas dores e aflições. E no dia seguinte o sol se abriu diferente. Azul. Ela acorda antes do sol nascer. Espera ele se colocar no céu. Resplandecendo todo sua cor. Assiste a tudo. Sem piscar. Como quem vê um espetáculo do Circo Du Soleil. E desde então aguarda que um raio daquele azul a atinja e volte a dar cor a seus dias cinzas.

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