domingo, 14 de setembro de 2008

Porque é primavera...

Ao som de Pina Colada ela chora. Chora e ri, ri e chora. Lágrimas doces como um pirulito de morango. Passa as mãos no rosto querendo esconder o sentimento. Não por vergonha, mas por saber que chorar já não adianta. E ela só sabe o refrão. Não entende a letra, mas a melodia a faz balançar os ombros. E sem querer escorre uma lágrima. A última. Essa ela não limpa. Deixa correr, seguir seu curso, pois sabe que nunca mais as derramará. Ela não quer mais ser refém. Não quer mais sonhar e acordar agitada. Com medo. Com dor. Quer dormir em paz, um sono puro e calmo. Mas não consegue. Todo aquele brilho a atormenta e ela não quer mais vê-lo. Nunca mais! Acabou! Ela que era só felicidade, só sorrisos. Nem acorda mais para não ter que escovar os dentes. Para não ter porque sorrir. E hoje escutou as mais duras mentiras. Ou verdades. Não sabe bem. Mas doeu. E a raiva a fez marejar os olhos. Não foi tristeza, nem alegria. Nem tão mesmo saudades da cor de seu olhar. Foi raiva mesmo. Raiva das mentiras e da traição. Raiva das coisas ditas em vão. Raiva dos momentos que foram divididos. Do tempo que esperou. Dias sombrios. Passou o inverno e o frio ainda assolava sua alma. Mas chegou a primavera. E ele criticou as flores em seu cabelo. Ela as colocou de volta no jardim, fazendo sua vontade. Um forte noroeste trouxe o verão mais quente que já havia passado. Mas sua alma parecia um iceberg. Então ela pôs um biquíni verde, para combinar com seus olhos. E ele nem olhou para ela. Mudou. Quem sabe piratas o agradassem. Mas ele parecia não se importar se iriam saquear todo o ouro que guardava em sua alma. Ela resistiu. O outono batia à porta. E ela juntou as folhas para que ele não as pisoteasse. O inverno se fez presente com uma forte chuva de granizo, e seu coração congelado sentiu que algo havia mudado. Ela fechou a janela para não escutar o barulho da chuva. Ele falava baixo. Uma voz de quem mente. Não era alta nem baixa. Tom adequado para quem precisa ser encoberto por mentiras. Uma mistura de covardia e falsidade jorrava de sua boca. Ela não entendia. Não aceitava. Mas tudo aquilo a fez perceber que os covardes se escondem atrás do azul.

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