quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Espelho da alma.

Me pego pensando em você. E tudo vira ouro. Em pó. Então fecho a janela para os pensamentos não voarem. E o azul do céu não refletir no espelho. Para que eu possa dormir sem ver estrelas. São quatro horas da tarde e já posso avistá-las em seus olhos.
Tenta se esconder atrás das lentes. Mas conheço os segredos de sua alma pelo olhar. E ele dizia que você me queria. Como no dia das Bodas. Nem preciso fechá-los para ver seu rosto. Então os esbugalho para preencher o campo. E tudo se pinta de azul. E o céu já nem é tão bonito. O sol se esconde atrás dos signos. Minha armadura é dourada e frágil. Mas ainda reluz. Um chão pintado de giz me distancia de você. Nem são tantos quilômetros, mas parecem oceanos de distância. E eu tento atravessar para não ser sugada pelo mar. E tudo o que eu queria era um banho. Com direito a espuma e toalha felpuda. Mas o relógio apontava oito e trinta. Mais para trinta do que para oito. Toda essa vetustez me parece estranha quando me lembro das músicas pela manhã. Devia tê-las decorado. Não para cantá-las, mas para entender o significado. Nem sei como as segurei. Haviam horas que parecia que todas rolariam como pérolas que se desprendem do cordão de um colar. Mas as atei com um sorriso de gloss de pimenta. Mesmo sabendo que você não gosta. Passei por cima do batom cor de boca só para te provocar. Através do espelho pude ver a verdade. Não a que você vivência, mas a que não admite. E nem eram para os olhos que eu olhava. Mas ela estava lá. Nua e crua. Nua. Eu. Nu. Você. Então eu me visto de negro para expressar todo o luto que habita meu coração. E meu sangue corre azul. Por baixo da pele alva posso ver correr. Pulsar você. Nem todos os entorpecentes me baqueiam. E caio em um sono leve. Minha boca sorri. Não quero ser acordada. Não enquanto eu estiver sorrindo.

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